quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A Escola Italiana do Violoncelo nos Séculos XVII e XVIII (Parte 1)

Basílica de São Petrônio



Nas cidades italianas de Bolonha e Roma nascem e florescem as escolas propriamente ditas. No século XVII sobressaem o nome dos violoncelistas Franceschini, Gabrielli e Jacchini, e as primeiras obras que utilizam o violoncelo se atribuem ao compositor Bolonhês G. C. Arresti, que em 1665 publicou 12 sonatas para violino, violoncelo e continuo. Em Bolonha apareceram Ricercares, sonatas e sinfonias de Giovanni Battista degli Antoni, Petronio Franceschini, Domenico Gabrielli, Bononcini, Borri, Jacchini e Torelli. 


Giovanni Battista Vitali




Nasceu em Cremona em 1644 e estudou violino, violoncelo e composição. Aluno de Cazzati, seu primeiro emprego foi na famosa capela de São Petrônio, como violista de braço. Como compositor escreveu sonatas, ballets, sonatas da chiesa (do italiano “iglesia”, que significa igreja), e sonatas de câmara. Dele não se conhece peças específicas para violoncelo. Morreu em Módena em 1692. 



Petrônio Franceschini

Não se sabe o ano de nascimento de Petrônio Franceschini. Estudou com Perti e Corsi, sendo um dos fundadores da Academia Filarmónica de Bolonha. Trabalhou na Capela de São Petrônio e foi maestro do "Pequeño Hospital" de Veneza. Compôs varias óperas e obras de câmara. 



Domenico Gabrielli



Gabrielli nasceu em Bolonha em 1650. Estudou com Perti e com Vitali. Quando era ainda muito novo, entrou para a Academia Filarmônica de Bolonha. Sucessor de Petronio e Franceschini, combinou a composição com suas obrigações como Violoncelista. Seu crescente êxito como compositor fez com que alguns colegas violoncelistas o invejassem e o acusar de não cumprir com seus contratos. Depois de muitas intrigas e peripécias, conseguiram que fosse despedido e substituído. Porém, este contratempo não o impediu de estrear sua ópera “Maurizio”, no Teatro de São Salvador de Veneza

 Pouco depois, começou a trabalhar com o duque de Modena, e continuou um intenso trabalho que acabou arruinando sua saúde. Em 1690 voltou a Bolonha, onde morreu aos 40 anos, deixando um vasto repertório de diferentes gêneros: óperas, arias com acompanhamento de cello, balés, motetos, sonatas para violoncelo e ricercares para violoncelo solo e para violoncelo e contínuo. 


Giuseppe Jacchini
De Jacchini se conhece poucos dados biográficos. Sabemos apenas que foi aluno de Perti e Vitali. Sucedeu a Gabrielli na Capela de São Petrônio. Gozou de grande reputação como acompanhante de cantores e escreveu inúmeras obras com o Violoncelo:

- Sonatas de câmara para vários instrumentos com violoncelo obligato
- Sonatas para Violoncelo solo
- Sonatas para Violino e Violoncelo
- Concertos de câmara e da Chiesa (igreja)
- 12 Sonatas para Violino e Violoncelo, publicadas na Bolonha em 1700.


Giovanni Battista Degli Antoni
Não se sabe o ano de seu nascimento e de sua morte. Nasceu em Bolonha por volta de 1650, estudou órgão e violoncelo, se tornou membro da Academia Filarmónica em 1684. Deixou várias obras apreciáveis em que o violoncelo é amplamente utilizado, principalmente os ricercares.

Domênico Galli




O multifacetado Galli era violoncelista, compositor, violista e luthier. Nasceu em Parma por volta de 1650. Deixou dezenas de sonatas para o Violoncelo. Na Itália se tem conservado vários instrumentos que Galli produziu (foto acima). Documentos comprovam que o rei francês Carlos XI o encomendou vários instrumentos. 


Vale citar o nome de vários violoncelistas que, graças as suas frequentes viagens pela Europa, levaram um saber e um conhecimento violoncelístico até então desconhecido. Estes pioneiros são:

Antonio Caldara

Nasceu em Veneza, 1670 e, viajou pela Europa (Espanha, Alemanha) e morreu em Viena, 1736, onde passou seus últimos anos de vida gozando de uma notável reputação como compositor. 


Giovanni Battista Bononcini.


Filho e irmão de músicos, nasceu em Módena vinte anos depois de Caldara. Viajou pela Alemanha, passou um tempo em Viena e Londres, onde sua rivalidade com Handel foi notável. Trabalhava como compositor ao serviço do rei de Portugal e morreu em 1741 como prestigiado compositor, na capital Austríaca. Seu repertório é muito vasto: quatro oratórios, mais de vinte e cinco óperas estreadas em Paris, Viena, Madrid e Lisboa, concertos, sinfonias, missas, divertimentos, madrigais, árias e 12 sonatas para Violoncelo publicadas em 1687 na Bolonha. 


Evaristo Felice Dall' Abacco 


Nasceu em Verona, estudou violino, violoncelo e composição. Estudou violoncelo com Vitali e violino com Torelli, passando vários anos na Alemanha e nos países baixos. Viveu seus últimos trinta anos em Munique, onde morreu em 1742. Deixou 12 sonatas para violino, concertos, sonatas de igreja e de câmara. 


F. Amadei

Apelidado de Pippo del Violonchelo, (Filippo do violoncelo), trabalhou em diferentes cidades italianas, como Roma. Não se conhece a data de nascimento nem de morte. Viajou várias vezes para Alemanha, onde desfrutou de grande reputação.

Giorgio Antoniotto 

Nasceu em Milão em 1682. Era violoncelista e compositor. Seu caráter curioso e ousado o levou a atravessar países europeus e africanos. Nos países baixos, onde permaneceu por muito tempo, publicou em Amsterdam um livro com dezenas de sonatas para Violoncelo e contínuo e para dois violoncelos e violas. Em Londres publicou um livro sobre a arte da harmonia. 


Giacobbe Cerveto


Nasceu em Livorno em 1682, no mesmo ano que Antoniotti. Considerado cidadão inglês, trabalhou como violoncelista em Londres. Foi nomeado diretor artistico do teatro Drury Lane. Sua perspicácia nos negócios e seu talento como organizador permitiu acumular uma fortuna considerável. Pode ser considerado um dos primeiros  managers, ou empreendedor musical, produzindo uma vasta temporada de concertos. Alcançou a incrível idade de 101 anos e públicou várias obras em grupos de seis (era bastante comum naquela época publicar obras em grupos de três, seis e doze). Se conhece seis sonatas para dois violinos e contínuo, seis solos para flauta e baixo, seis divertimentos para dois violoncelos e seis solos para violoncelo.


Jean-Baptiste Stuck

Filho de pais alemães, nasceu em Florença em 1680. Estudou violoncelo e composição. Tem uma notável produção (cinco óperas, uma delas escrita juntamente com Albinoni, balés, arias, cantatas e uma sonata para violoncelo). É também conhecido como propagador da escola italiana do Violoncelo na França. Nomeado violoncelista no Teatro da Ópera na capital francesa em 1727, foi professor de vários colegas como Saint-Sévin, um dos primeiros violoncelistas franceses. Viveu trinta anos na frança, onde morreu em 1755.

Boa Leitura!



















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